UA-40840920-1

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Maternidade | Cheques-dentista

Às vezes não nos apercebemos dos pequenos pormenores (que podem não ser assim tão insignificantes) que tornam o que temos como algo a valorizar. O panorama político e económico português está verdadeiramente nas lonas e, de facto, queixas, reclamações, desabafos, críticas são sempre válidas, compreensíveis e legítimas, quando bem justificadas. Mas, acreditem, de alguém que tem experiências noutros sistemas, noutras realidades, há algumas áreas em que nós estamos bem, mesmo que pudéssemos estar melhor, mesmo que não o vejamos, mas que são de facto boas e de elogiar (e não atacar com os normais acessos de raiva assentes em lugares-comuns, em argumentos ocos sem reflexão). 


Cada um tem a sua experiência, mas admito que, depois de ter sido seguida durante os primeiros três meses de gravidez noutro país, voltar para o sistema nacional de saúde foi realmente um alívio, não só pelas questões económicas (afinal, uma gravidez aqui em Portugal pode ser praticamente gratuita, se quisermos), mas também pelo acompanhamento fantástico que tenho tido, tanto no centro de saúde, quanto na maternidade. Mas questões banais à parte, uma das surpresas de aqui estar, que me agradou realmente, foi o cuidado com os dentes nesta fase em que, sem nos apercebermos, a dedicação do nosso corpo à geração do novo ser pode descurar o nosso, nomeadamente no que respeita a boca. Qualquer grávida tem, por isso, direito a, no máximo, três cheques-dentista, incluídos no Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral, que pode pedir ao médico de família, que a seguirá todos os meses, e que pode utilizar no seu dentista (pelo que me disseram há convénios com a maioria dos privados).

Nem todas as grávidas têm acesso aos três cheques. No primeiro, é feito um diagnóstico e, se necessário, um primeiro tratamento. Os cheques seguintes são válidos para dois tratamentos curativos por cada cheque, caso o dentista considere necessário o acompanhamento na primeira consulta, na qual fará o plano de tratamento para as consultas seguintes. As consultas podem ser realizadas durante toda a gravidez e até 60 dias depois do parto (cuidado com as datas de validade que estão nos cheques, que indicam até quando os podem usar). Portanto, há tempo suficiente para estarmos atentas às nossas bocas, prevenir e tratar qualquer problema que possa surgir nestes quase 11 meses nos quais temos direito ao acesso a cuidados de saúde oral gratuitos. 

Não há nada de complicado, nem de excessivamente burocrático neste processo. Basta pedirem ao/à vosso/a médico/a de família que vos dê o cheque-dentista (no centro de saúde estão preparados para vos responder às vossas dúvidas, com certeza), a partir do momento em que estão nas consultas pré-natais, e procurarem um dentista que os aceite. A clínica dentária onde vou normalmente, há anos, aceitou sem qualquer hesitação ou questão, pelo que me pareceu algo bastante normal e frequente. Posso, assim, continuar a ser seguida, desta vez gratuitamente, durante a gravidez, pelo meu dentista, que tem acesso ao histórico dentário de uma boca digna dos ficheiros secretos, dados os problemas estranhos que foi tendo ao longo destes anos. Para mim, genial!

Se tiverem outra experiência, podem deixar nos comentários abaixo. Sei que a saúde, infelizmente, também não é igual ao nível nacional. Em Coimbra, pelo menos, estamos bem servidos!

  

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...